quarta-feira, 21 de março de 2012

W.C.

Eu acho que não vou sair daqui nunca mais. Será que alguém está me ouvindo? Maldita hora que eu aceitei aquela caixa de bombons, no almoço. Deve ter sido aquele bombom de banana, que NINGUÉM come. E se ninguém come, por que está lá? É pra ser ignorado mesmo? Ou pro infeliz aqui comer? Pronto, outra vez. Pára, pára, pára! Já deu, chega. Minha alma já foi embora pelo cano. E eu tenho certeza que tem alguem quietinho no box ao lado ouvindo tudo. É pra contar pra empresa toda depois? Cer-te-za que vai rolar tipo uma conversa de cafezinho e ai ela vai chegar bem discretamente no ouvido da fulana 'é ele! é dele que te falei aquela história'. Aí eu faço cara-de-quem-está-pegando-apenas-o-açúcar e dissimulo. Eu tenho certeza que ela vai falar tudo! Malditos bombons. Maldita fofoqueira do box ao lado. Maldito box que não tem estoque de papel higênico. E eu lá vou medir papel agora? No desespero eu entrei e só vi um rolinho branquinho - mal ia saber que só tinha uma voltinha! E essa última voltinha é sempre um DRAMA. Nem dá pra usar direito. Todo papel deveria vir com um aviso: 'os últimos 15 centímetros de papel são de uso exclusivamente ilustrativo.' Eu acho que não vou sair daqui nunca mais. Talvez a noitinha, quando ninguém mais estiver aqui. Eu saio nu e fujo para as colinas. Mando um telegrama pedindo demissão e mudo meu nome para Natacha Jéssica, algo assim. Acho que eu tô começando a delirar. Deus, é você? Me resgata desta merda de vida, literalmente. Nem posso dizer que tô cagando e andando pra tudo porque isso seria uma meia verdade. Maldito bombom de banana! Como eu já disse, deixe ele quietinho lá na caixa.
Vai por mim.

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