quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

três

Três horas haviam se passado e ela simplesmente desapareceu. Nem sequer passou na loja de tecidos na Rua Direita - seu passeio predileto. Ele, três horas depois, não sabia o que fazer. Já tinha roído as unhas, polido os sapatos, comprado um sorvete. Na verdade foram dois, mas ele estava tão nervoso e inquieto que nem percebeu.
- Não sei. É muito estranho que você ainda não esteja aqui. Se vou embora tenho medo de te deixar sozinha. Mas se eu fico aqui continuarei sem notícias tuas igualmente. Agora não sei mais se realmente tínhamos marcado um encontro aqui, hoje, como sempre temos feito este tempo todo, ou se vim até aqui sem pensar. Sem saber ao menos se você viria ao meu encontro. Agora me encontro só, e sozinho está o meu pensamento. Espere: acho que você comentou alguma coisa ontem à noite. Ah sim, agora me lembrei. Disseste que não vinha mais. Que não tinha mais o porquê. A minha insensibilidade fez com que seu comentário saísse pelos ouvidos como um sopro. Vai! Segue teu caminho. Vou embora, não sei pra onde, não sei porquê, não sei. Mas prefiro que você continue a trilhar teu caminho. Não quero mais fingir que ouço alguma coisa. Talvez já esteja aqui te esperando muito mais do que três horas. Talvez.

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