sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

a abóbora

eu estou aqui, e você? achei que ia melhorar pela manhã. tô preocupado com você, acredite. teus sorrisos nunca mais foram os mesmos depois daquela noite. tens esta mania tola de se colocar numa caixinha e de lá não sair, haja o que houver. acredite mais em mim, nas coisas ao teu redor. levante a cabeça e trate de comprar um bom terno, um sapato envernizado e meias novas também, por favor. deixe-as camisas comigo, faço questão de comprar uma azul. é a cor que mais gosta, não é mesmo? hum, espere. você está chorando? eu disse alguma coisa pra você de errado? por favor, me perdoe. só quero que você lembre daquela noite com ternura. deixe de lado todas as mágoas, todos os achismos. lembra que naquela mesma noite eu dancei com você a sua valsa predileta? talvez teus olhos já não estavam mais ali. estavam longe, de certo. percebi que você não chegou nem a marejar os olhos. logo você que é tão sentimental. queria que você reavivasse tudo isso. lembro como se fosse ontem quando você pediu pra que eu escutasse esta mesma valsa bem baixinho. que a ouvisse com mais afinco. acho que ali eu te conheci por inteiro. quando vi teus olhos marejarem a cada novo acorde, estremeci. depois daquela noite não vi mais a cor dos teus olhos. acho que senti que sua alma estava sem cor. nem o azul tinha sobrevivido. me escutaste agora? compreenda que não quero teu julgamento, não quero tua resposta; só quero que tenhas novamente este azul no brilho dos teus olhos, quero que apenas escute a sua valsa. que escute à si mesmo e à todos que tem perguntado por você.

2 comentários:

Pristone disse...

Arrepiou. Adoro seus textos Lê! Devia escrever um livro!

Pri Queiroz disse...

Let me sing you a waltz...