domingo, 1 de maio de 2011

Aquele que aprendeu a ouvir um não.

'Não', você disse. 
E eu não tive uma fração de segundos para entender. Talvez porque lidar com finitudes sempre foi uma constante pra mim. A finitude ironicamente pra mim nunca teve fim. Nunca me acostumei com teus elogios, sempre tão sinceros e triviais. Me apeguei às frases decoradas, aos clichês mais banais pra tentar te perceber. E ao tentar te achar, não enxerguei o que estava na minha frente e deixei escorrer pelos meus dedos. Não escutei o teu grito, o teu gozo. Preferi projetar o que eu queria, o que eu sentia, o que eu esperava. Esperava lá na beira do cais, sem resposta, sem acenos, sem terra firme. E assim nunca percebi que as coisas não são tão uníssonas assim. A forma de expressar o meu sentimento é alheia a mim, e só a mim. Cada um tem o seu jeito de externá-la. Mas eu queria que você cantasse no meu ritmo, que fodesse no meu compasso, que me amasse na minha melodia. Cantei sozinho até a minha voz sumir junto com você. Ao olhar mar adentro, esqueci do que me saltava aos olhos, à deriva, à minha espera. Mas esta espera um dia torna-se caminho, segue teu rumo, encontra outro cais. E agora, ao te ver partir para o longe, finalmente entendi. Não há mais espera, não há mais nada que não possa estar ao alcance dos meus olhos e do meu coração. A finitude desta vez não me incomoda. Pois não há mais cais nem navio, só o mar. Só um horizonte sem fim, deliciosamente sem fim. Que bom.

3 comentários:

Camilo Vannuchi disse...

Que importa o cais e o navio quando se tem o marzão inteiro diante de si?

Bruno Höera disse...

agora pula nesse mar!

vc é mto foda Lê!

Flávia disse...

ai lê... AMEI.